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Mestra Isolina

Bate flechas
São Sebastião Menino Jesus e Caxambu da Velha Rita
Cachoeiro de Itapemirim por Yasmim Giro

Niercina Ferreira de Paula Silva, conhecida como Dona Isolina, nasceu dia 02 de abril de 1955. Em Itaici, município de Muniz Freire. De uma família de cinco filhos, filha de Trezino André de Paula e Maria José de Paula, morou em Anutiba, distrito de Alegre. Desde os 5 anos, entrou em contato com a religião através de uma casa espírita, pois o pai era benzedeiro, os padroeiros da casa eram São Sebastião e Nossa senhora da conceição. A casa tinha abertura da missão dos trabalhos espirituais que eram voltados para as crianças também, nesse momento é que a entrevistada aprende a bater fecha. O caxambu era praticado pelos pais, avós, bisavós. Eles vêm pra Cachoeiro em 1972 para o Bairro zumbi, onde vivem até hoje e conta que ficaram sem referência na cidade quanto a cultura. A mãe dela que deu forças para que a prática cultural não acabasse, ela, na época tinha 18 anos e começa a ensinar as crianças de Cachoeiro a bater flecha. Conta que as crianças por conta desse contato passaram a estudar a prática “como as crianças começaram a se interessar pela cultura, muitas saíram da rua para aprender e estão conosco até hoje”, conta dona Isolina.

Mestre Demerval

Jongueiro há mais de 60 anos
Itapemirim, por Malu Mariano

Nascido em São Bento, o Mestre Demerval conheceu o jongo a partir do irmão, Edgar Barreto, aos 12 anos, que foi quem o ensinou a brincar jongo e a partir daí se apaixonou ao ponto de fujir de casa para ir para as Rodas de Jongo com o irmão. Hoje, morador de Itapemirim e com 78 anos, lamenta a perda de muito de seus companheiros jongueiros que ja faleceram, mas ainda participa dos trabalhos ensinando os mais jovens, repassando esse saber, fazendo apresentações, fazendo parte do sindicato e atuando no Grupo de Jongo Mestre Bento.

Mestra Ormi Caetano

Quarenta anos no Caxambu em Vargem Alegre
Cachoeiro de Itapemirim por Yasmim Giro

Sou Ormy Caetano. Nasci em São Sebastião de Vargem Alegre, meus pais tiveram 13 filhos, agora nós somos só 6. Para dançar o Caxambu eu comecei com 8 anos, fora da fogueira porque perto da fogueira a gente não podia dançar porque a gente era criança. Só os adultos que dançavam no terreirão de café. Dançávamos até meia noite, uma hora da manhã estávamos dançando ainda!

Nossa cultura a gente tem que pegar o Caxambu, botar na beira do fogo, esquentar o coro e depois a gente faz a roda e os mestres começam a bater no tambor. Cantamos e eles começam a bater. A gente esquenta o coro para facilitar a batida, porque o material é duro.
O que me marcou no caxambu era eu sair com minha avó, mãe do meu pai. Todo lugar que ela ia eu tinha que ir com ela. As vezes minha irmã, Canutinha, queria ir, mas ela não podia, eu que tinha que ir. Ela ia me ensinando o Jango e eu ia aprendendo, mas muito eu esqueci e só lembrei no tempo do cativeiro.

Mestra Djerar Poty

Indigena Guarani guardiã das sementes
Divino São Lourenço – Serra do Caparaó
Por Fernanda Kerexu

Djerar Poty, Aulinda Ribeiro, vive no alto da montanha da Serra do Caparaó, próximo ao pico da bandeira, nasceu no Paraná, na aldeia guarani de palmeirinha, é uma anciã dos povos nativos originários Guarani M’bya. sua história de vida seguindo do Sul até o Caparaó, segue na continua caminhada sagrada do modo de vida Guarani, sempre em busca do Yvy Marae, a terra sem mal, um local onde ainda pode-se viver em paz e de forma tradicional. Dentre suas sabedorias a arte de partejar, o profundo conhecimento das medicinas da Floresta, a cestaria e o cultivo das sementes sagradas Guarani, em especial o Avati et’i e o cuidado diário com a Opy’í (casa de rezo guarani).

Mestre Marcelo Guarani

Cacique aldeia Nova Esperança, Aracruz, KaagwyPora
Por Diwarian

 

Durante 35 anos, os bisavós do Cacique Marcelo Guarani – ou Wera Djekupe, o “guardião do relâmpago” – caminharam em busca da “terra sem males”, saindo do sul do país. Passando por Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, sua bisavó, Tatatin Ywarete, ia plantando e colhendo sementes crioulas, durante os 2 ou 3 anos que ficava em cada parada. Ao chegar ao Espírito Santo, seus bisavós ainda tiveram que lutar pela reconquista da terra, junto com os Tupiniquim. Marcelo nasceu quando seu povo foi levado para Minas Gerais e voltou junto com eles seis anos depois. A “terra sem males” então se materializou na aldeia Nova Esperança (Ka Agui Porã), em Aracruz.

Mestre Sebastião do Nascimento

Fazedor de Tambor, do jongo de Santo Antônio e Reis de boi
São Mateus
por Samira Santos

Nascido à margem do rio Cricaré, localizado no município de São Mateus- ES, onde cresceu e vive até hoje, na comunidade quilombola São Cristóvão, o mestre Sebastião do Nascimento aos seus 69 anos nos conta que teve uma vida de luta e que os bons exemplos em que se inspirou desde pequeno vieram da relação de sua família com a comunidade. Com o falecimento de seus ancestrais, ele relata como estão dando seguimento às culturas e aprendizados adquiridos com eles: “eles faleceram e deixaram as cultura, né, deixaram as cultura pra nói, hoje tem eu, tem meu irmão, tem meus primo, tem meus, é minhas pessoa amigo mais antigo que, que tomaram conta, nós tomemo conta dessas atividade, bom, e a gente tá até hoje”.

Mestre Antônio Galdino

Reisado
Conceição da Barra
por Mariana Monteiro

O reisado é uma tradição cultural popular que saúda o nascimento do menino Jesus e faz referência ao evento bíblico da viagem dos Três Reis Magos ao nascedouro do menino prometido. Os festejos, também conhecidos como Folia de Reis, Bumba-meu-boi, Boi de Reis, Boi-Bumbá, ou simplesmente Boi, são realizados por grupos que cantam os chamados ternos entre o Natal e o Dia dos Reis Magos (6 de janeiro), numa mistura de temas sacros e profanos, histórias folclóricas e pequenas encenações dramáticas.

Antônio Galdino é um mestre do reisado, formado por outros mestres do norte capixaba. Nascido em Nova Venécia, no Km 14, teve sua infância marcada pelos festejos comandados pelo falecido Mestre Antônio Cadete, seu tio, com quem brincou dos 8 aos 14 anos de idade. Mais tarde, ao se mudar para São Mateus, participava das brincadeiras lideradas pelo Mestre Derli Barbosa. Com o falecimento do Mestre Derli em 1994, no ano seguinte Mestre Galdino tornou-se responsável pela tradição e pela perpetuação da cultura de Boi de Reis.

Mestra Luzinete dos Santos do Nascimento

Saberes culinários e das ervas medicinais
Quilombo São Cristovão – São Mateus
por Samira Santos

Mestra Luzinete dos Santos do Nascimento – Nascida e criada na comunidade quilombola São Cristóvão, localizada no município de São Mateus-ES, Dona Luzinete, com 67 anos, sempre morou no quilombo, comunidade onde casou e teve seus filhos. Ali, sempre sobreviveu de seus conhecimentos ancestrais e da agricultura familiar, trabalhando na roça no cultivo de milho, pimenta, aipim, amendoim e fazendo farinha, óleo de dendê e sabão, entre outras coisas, produtos que serviam para consumo e comercialização. E foi assim que ela criou seus filhos e vem vivendo até hoje.

Mestra Gessi Cassiano

Do jogo de Santa Bárbara, agricultora
Comunidade Quilombola do Linharinho – Conceição da Barra
por Malu Mariano

Moradora da Comunidade Quilombola Linharinho, no município de Conceição da Barra, Dona Gessi, nos conta que deve a sua história de vida aos seus pais e àqueles que dela cuidaram quando criança, que nunca deixaram de apresentar a ela suas tradições, ensinando sobre o respeito ao próximo e sempre lhe oferecendo o melhor, tendo asim uma infância abundante e rica em conhecimento.

Participante de inúmeras atividades em sua comunidade, Dona Gessi faz parte de projetos como, a criação de associações com as mulheres, a renovação do grupo de jongo com os adolescentes, o trabalho da agricultura famíliar nas escolas, no PNAE e no PAA e a criação de um ponto de memória onde é trabalhada a ancestralidade. Além de ter sido coordenadora da Igreja de Santa Bárbara.

Ao contar um pouco sobre seu entendidmento sobre o jongo, nos diz que enxerga o jongo como uma tradição que vem de geraçãoes. Em suas palavras, “O Jongo ele nos traz rspeito, ensinamentos sobre de onde viemos e quem nós somos. O jongo nos da paz, faz a gente mais feliz”.

Dona Rosa Maria

Fundadora do CDDH Serra ,do Grupo de Cultura Afro Kisile, educadora popular atua junto a sua comunidade.
Jacaraípe, Serra,
por Gabriela Casali

Hoje popularmente conhecida como Dona Rosa, Rosa Maria Nascimento Miranda era, como ela diz, uma das “meninas do morro” do Forte São João, em Vitória, na década de 50. Filha da lavadeira Altair e de motorneiro de bonde Paulo, ela atribui ao pai, trabalhador sindicalizado, a sementinha da sensibilidade com as questões sociais e o despertar para uma consciência de coletividade e de cuidado com os outros.

Dona Jenette e Jamilda sua filha

Paneleiras de Goiabeiras
Vitória
Por Gabriela Casali

Dona Jenette e Jamilda carregam com elas a ancestralidade de mulheres do barro, onde praticamente todas vêm da mesma família. Elas são, respectivamente, filha e neta da paneleira e parteira Dona Lúcia Florinda do Nascimento, mulher que foi muito querida e respeitada na região de Goiabeiras, em Vitória ES.

Mestra Dona Margarida

Artesanato e medicina Tupinikim-
Aldeia Caieiras Velha
por Dwarian

O meu nome é Margarida Pego de Souza, eu nasci, foi no mês 02, dia 25 de 58. Eu nasci, o nome do lugar é Lagoa Suruaca, inclusive o nome já é indígena, Lagoa Suruaca. Nasci de parto normal, minha mãe me teve foi parto normal. Quando criança, tive uma infância muito boa, na época nós não conhecia carro, nós não conhecíamos pão, não tinha nada dessas coisas, tudo era natural, era o que a gente plantava, a carne era de caça, peixe, era o que nós vivíamos.

Minha vó é daqui Caieiras Velhas, indígena, o meu avô, esposo da minha vó, era um dos bandeirantes, andando por aqui ele conheceu minha avó e carregou minha vó, minha avó tinha 15 anos, conheceu minha vó e nós fomos para esse lugar, Lagoa Suruaca. Até então, nós não sabíamos que essa terra também era indígena, era dos botocudos, que inclusive minha mãe é da etnia botocudo. Com minha certa idade, já com 14 anos, fui morar com minha tia, porque ela me prometeu que iria me pôr na escola, ela não morava na roça, ela morava no Estado de Minas Gerais, Ipatinga. Mas aí, a gente está acostumada mesmo viver na roça, vim para roça.

IN MEMORIAN

Mestre Alcebíades Cabral

Capoeirista
Vitória
por Yocali Dutra

Alcebíades Milton Cabral mais conhecido como mestre Cabral. Iniciou na capoeira ainda criança no rio de janeiro onde foi aluno de Mestre Chita ao qual lhe concedeu o titulo de Mestre capoeiristas no ano de 1981. Anos após esse feito de ser nomeado mestre veio para o espírito santo onde criou família e raízes, fundou o grupo Gangazumba e presidiu a FECAES (federação de capoeira do Espírito Santo) onde participou das lutas por políticas publicas para a capoeira e movimentos negros. Após muitos anos em busca do reconhecimento da capoeira e da causa negra mestre Cabral faleceu no dia 23 de Setembro de 2019. O falecimento ocorreu devido a um choque anafilático por intoxicação alimentar.

Mestra Madalena Grug

Mosaicista, pintora, pesquisadora
Serra
Por Melca

Madalena, nasceu em Minas Gerais e morava no alto da colina em Nova Almeida, ao lado da Igreja de Reis Magos, era uma artista plástica ativa na cultura capixaba. Mosaicista e pintora tinha paixão pela intervenção urbana a partir do mosaico.